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Brasileiro que criou o Instagram fala sobre futuro do aplicativo - Entrevista do Estadão




Aos 28 anos de idade, Mike Krieger é um dos brasileiros mais poderosos do Vale do Silício. Seu nome pode não ser familiar, mas, ao lado do sócio Kevin Systrom, ele criou em 2010 o Instagram, rede social de compartilhamento de fotos, que ontem anunciou ter chego à marca de 300 milhões de usuários ativos mensalmente. Ao todo, mais de 70 milhões de fotos são publicadas todos os dias no Instagram.
Nascido em Minas Gerais, Krieger mudou-se para os EUA em 2004, a fim de estudar na Universidade de em Stanford, onde conheceu Systrom. Seis anos depois, a dupla criaria o Instagram, que acabaria sendo vendido para o Facebook em 2012 por US$ 1 bilhão. "Buscávamos dar às pessoas ferramentas para que elas pudessem mostrar o mundo não da forma como uma câmera captou, mas sim como elas se lembravam do que tinha acontecido", conta Krieger, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo.
Apesar de ser parte do "grupo Facebook", que neste ano adquiriu também o WhatsApp por US$ 19 bilhões, o Instagram pode ser considerado uma empresa independente. "Somos uma empresa dentro de uma empresa", explica Krieger. "Quando fomos adquiridos, estávamos em um ciclo vicioso de não conseguir crescer. O suporte do Facebook nos ajudou a ir em frente", diz o brasileiro.
Além dos novos números, o Instagram também anunciou uma novidade ontem: a partir do próximo dia 18, contas de marcas, celebridades e atletas terão um selo de verificação, para que os usuários tenham certeza de que as imagens ali postadas não são falsas. A equipe do aplicativo também trabalha na remoção de contas fake e responsáveis por spam.
"Queremos uma experiência autêntica", afirma Krieger, que se diverte quando vê interações entre artistas e seu público pela plataforma. "Nas últimas semanas, vi a Taylor Swift dar apoio a uma garota que sofria bullying através dos comentários de uma foto. Isso é muito legal", diz.
a entrevista a seguir, o brasileiro fala sobre a influência do Instagram no mundo da moda e no mercado de câmeras digitais, comenta o lançamento do app Hyperlapse, dedicado à edição de vídeos e explica como, aos poucos, o Instagram tenta se tornar rentável com publicidade. "Queremos que a propaganda seja algo orgânico ao aplicativo, da mesma forma que as pessoas veem um anúncio em uma revista e acham aquilo natural", explica.
Como você vê o Brasil hoje dentro do universo de usuários do Instagram?
O Brasil é hoje um dos principais públicos do Instagram, junto dos EUA, Europa e Rússia. Acho incrível como os brasileiros adoram tirar fotos de outras pessoas. É um uso não apenas pessoal, mas que envolve amigos e família, sendo bastante social.
O Instagram é uma empresa de apenas quatro anos de idade. Como é vê-lo se tornar uma ferramenta de expressão popular no mundo todo?
Criamos o Instagram para pessoas que gostam de ver o mundo de uma forma supervisual. O começo de tudo é a foto, e não o texto que vai junto com ele. Logo no primeiro ano, nós tínhamos 2 milhões de fotos postadas todos os dias. Hoje, são 70 milhões de fotos por dia. Imagina imprimir todas essas fotos e colocar uma em cima da outra? Seria uma torre enorme. Para mim, não é só um app de comunicação, mas é uma forma diária de cada pessoa contar a sua história.
O Instagram está há quase dois anos dentro do Facebook. Como é a relação entre as duas empresas?
É super independente. Somos uma empresa dentro de uma empresa. Eu e o Kevin temos contato direto com o Mark no nível de estratégia, mas temos independência. Quando fomos adquiridos, vivíamos um ciclo vicioso: queríamos melhorar o site e fazê-lo crescer, mas não conseguíamos cuidar de tudo ao mesmo tempo. O Facebook nos ajudou a superar esse ciclo e melhorar nosso produto.
Em 2014, o Instagram começou a implementar anúncios. Como têm sido os testes e qual é a preocupação para não agredir a experiência do usuário?
Estamos nos preocupando em manter os valores e o gosto visual da comunidade. O que temos feito nos EUA, onde os testes já começaram, tem sido dialogar com marcas que consigam mostrar seus produtos de forma visual. Queremos que a propaganda seja algo orgânico ao aplicativo, da mesma forma que as pessoas veem um anúncio em uma revista e acham aquilo natural.
Este ano vocês também lançaram o Hyperlapse, um app para edição de vídeos. Muitos críticos viram isso como uma guinada para o mercado de imagens em movimento. Como vocês vêm o setor?
O vídeo é algo mais difícil de produzir do que uma foto. Para nós, é uma ferramenta para contar algo que uma foto não conseguem registrar bem, como uma modelo em uma passarela ou o movimento dos trens em Tóquio. O mais bacana é que o Hyperlapse foi uma criação dos nossos engenheiros, e tem recebido vários prêmios. Eles têm trabalhado em novas ideias, mas não há nada a ser comentado. O que queremos é ajudar as pessoas a serem ainda mais criativas.
Com o Instagram, as pessoas têm se interessado mais pela fotografia. Era essa a intenção de vocês?
Sim. Quando nós criamos o app, buscamos dar às pessoas ferramentas que pudessem fazê-las mostrar o mundo não da forma como o telefone captou, mas sim como elas se lembram daquilo que viram, usando os filtros e as ferramentas de edição. Isso faz parte do nosso DNA. Além disso, é muito bacana ver artistas, estilistas e atletas se conectando com seu público através do app. Acho super bacana ver, por exemplo, quando acontece o São Paulo Fashion Week e os designers colocam vídeos das modelos andando com a roupa.
O mercado de câmeras fotográficas têm passado por uma crise nos últimos anos, especialmente por enfrentar a concorrência de smartphones. Sendo uma plataforma de imagens, como o Instagram vê essa competição?
Tivemos sorte de aparecer na época em que os celulares - especialmente o iPhone - começaram a ter boas câmeras. Para mim, a melhor câmera é aquela que você tem na hora de tirar uma foto. Parei de levar minha câmera para os lugares; hoje levo meu celular. Por outro lado, têm aparecido câmeras com um telefone Android embutido, de maneira que você pode tirar uma foto e já subi-la para o Instagram. É um mercado que deve mudar muito nos próximos anos.
Você é visto como um exemplo entre os empreendedores brasileiros. Que conselho daria para quem está começando uma startup?
O que fez diferença para mim foi me preocupar não só com a parte técnica, mas também entender as necessidades das pessoas. Vejo muitos desenvolvedores pensando de forma tecnológica, mas sem cuidar do usuário final. Para nós, o Instagram era uma maneira de resolver o fato de que as pessoas tiravam muitas fotos com seus celulares, mas essas fotos nem sempre eram boas e não havia onde compartilhá-las com os amigos. Para mim, é essencial entender o problema do usuário e mostrar como você pode solucioná-lo de forma simples.

Fonte: Estadão
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