Com a sensação de que a crise de 2008 foi finalmente superada, os riscos econômicos perderam o papel principal no relatório anual de perigos do Fórum Econômico Mundial.
Dos riscos econômicos, só o desemprego estrutural garantiu espaço no top 5 de probabilidade. Em termos de impacto, crises fiscais e o estouro de bolhas já não são tão centrais mas continuam preocupando.
Depois de dominar pelos últimos 3 anos, o tema da disparidade de renda perdeu destaque entre os 900 membros do Fórum que responderam ao questionário de origem do relatório.
A edição 2015 é dominada por risco geopolíticos (conflito entre países), sociais (crise da água e doenças) e ambientais (mudanças climáticas).
Veja a seguir os 8 maiores riscos econômicos enfrentados pelo mundo de acordo com o Fórum Econômico Mundial, que vai se reunir em Davos na semana que vem:
Bolha de recursos
2/10lfelton/Freeimages

Bolha: professor crê em estabilidade e retração moderada de preços, não em estouro de bolha
O que é: "Preços muito altos e insustentáveis de recursos como commodities,
habitação ou ações em alguma economia ou região central"
Por que importa: O riscos de bolhas foi primeiro lugar absoluto na lista do Fórum
em termos de impacto e probabilidade em 2008, 2009 e 2010.
Os programas de expansão monetária e juros baixos do pós-crise tinham como
objetivo recuperar o crédito, mas levaram ao aumento grande dos preços de
alguns ativos.
É muito difícil identificar o que é ou não uma bolha, e mais difícil ainda desinflar
uma sem derrubar junto a economia real; é este o desafio atual dos bancos
centrais.
Progresso nos últimos 10 anos: 10,9%
Desemprego alto
3/10AFP / Cesar Manso

Fila de desempregados em Burgos, na Espanha
O que é: "um alto nível sustentado de desemprego ou subutilização da
capacidade produtiva da população empregada"
Por que importa: o desemprego alto é um problema que une duas regiões
que não poderiam ser mais diferentes: África subsaariana e Europa.
Nesta última, contribui para aumentar outro risco: a deflação. O Fórum espera
que taxa de desemprego mundial fique em taxas atuais até pelo menos 2018,
mas há o risco de que a nova revolução tecnológica mude de forma permanente
o nível de emprego. A ver.
Progresso nos últimos 10 anos: 5,7%
Deflação
4/10Fabrice Dimier/Bloomberg
Supermercado Casino, em Paris:
O que é: "inflação muito baixa ou deflação prolongadas em alguma economia ou
região central"
Por que importa: depois de meses de inflação muito abaixo da meta, a Europa
entrou em terreno deflacionário em dezembro. Isso desestimula o consumo e
torna mais difícil diminuir o peso relativo da dívida - não é por acaso que
muitos já falam em uma nova rodada de estímulo monetário. A China
também é outra que não escapa dos riscos da queda de preços.
Progresso nos últimos 10 anos: 10,6%
Choque dos preços de energia
5/10Derick E. Hingle/Bloomberg
Plataforma de petróleo: Subsea 7 revelou uma carteira de pedidos recorde nesta quarta-feira
O que é: "aumentos fortes e/ou sustentados de preços de energia que coloquem
mais pressão econômica em indústrias e consumidores altamente dependentes
de energia"
Por que importa: o questionário do Fórum foi respondido entre os meses de julho
e setembro, quando o medo era de que as tensões geopolíticas levassem a uma
alta do preço dopetróleo. A partir de outubro, aconteceu exatamente o contrário.
Ninguém sabe se o petróleo vai cair ainda mais ou se vai reagir - o que só prova
que o poder da futurologia econômica é extremamente limitado.
Progresso nos últimos 10 anos: 20,2%
Quebra de instituição ou mecanismo financeiro
6/10Kay Nietfeld/Corbis/Latin Stock

O símbolo de Wall Street, em Nova York: investidores migram para firmas independentes
O que é: "o colapso de uma instituição financeira e/ou o funcionamento ineficiente
de um sistema financeiro, com implicações através da economia global"
Por que importa: o relatório do Fórum destaca várias mudanças regulatórias
aprovadas no pós-crise para diminuir a vulnerabilidade do sistema; de todos os
riscos econômicos, esse foi o que teve maior progresso nos últimos anos.
O risco é que a sensação de que a crise foi superada leve a uma complacência
quando ainda há muito para resolver - a começar pelas instituições "grandes
demais para quebrar".
Progresso nos últimos 10 anos: 24,3%
Inflação desgovernada
7/10Andrey Rudakov/Bloomberg
Consumidores escolhe uma peça de queijo em um supermercado de Krasnodar, na Rússia
O que é: "um aumento ingovernável no preço geral de bens e serviços em
economias centrais"
Por que importa: a inflação é um fenômeno persistente e difícil de combater, e
não faltaram alertas de que os programas de expansão monetária do pós-crise
iriam alimentá-la. Por enquanto, não há indícios de que isso aconteceu ou vá
acontecer: a inflação nos EUA continua abaixo da meta e na Europa a luta é
contra a deflação.
Progresso nos últimos 10 anos: 23,6%
Crises fiscais
8/10FreeImage

Notas de dólares enfileiradas
O que é: "o fardo de dívidas excessivas gera crises de dívidas soberanas e/ou
crises de liquidez"
Por que importa: em termos de impacto, o risco de crise fiscal foi primeiro lugar
na lista em 2011 e 2014. Neste ano, caiu de posição, mas uma pesquisa paralela
do Fórum só com executivos aponta esta como a maior preocupação na hora de
fazer negócios em emergentes e em 30 das 35 principais economias avançadas.
Progresso nos últimos 10 anos: 20,4%
Falhas de infraestrutura
9/10REUTERS/Stringer

Os trens de alta velocidade, que viajam em uma média de 300 km/h, possuem paradas estabelecidas nas principais cidades do interior da China e passam por seis províncias chinesas
O que é: "o fracasso em investir adequadamente, atualizar e assegurar redes de
infraestrutura leva a uma quebra com implicações para todo o sistema"
Por que importa: a infraestrutura nunca foi tão conectada e central para a
competitividade. Ironicamente, é isso que torna suas falhas cada vez mais
relevantes.
Alguns exemplos: o apagão na Índia em 2012, que deixou no escuro 10%
da população mundial, e as consequências do furacão Sandy. A América
do Norte considera este o risco para o qual ela está menos preparada.
Progresso nos últimos 10 anos: 5,2%
10/10Claudio Santana / AFP

Raios atingem o vulcão Puyehue, ao sul de Santiago, capital do Chile
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